Em viagem com a patroa, Ogro bom é aquele que dá espaço. Não insiste sem motivo e dá razão para a mulher de vez em quando.
É, mas este Ogro não é o mesmo que viajou desta vez. Foi aquele outro, o que só faz o que quer e gosta mesmo é de reclamar com a a patroa.
Chegamos a Portugal através da TAP, indo direto parar em Lisboa. O vôo surpreendeu pela suavidade e pelas poltronas menos econômicas que em outras viagens. Nesta talvez tenhamos economizado menos.
De qualquer forma, tudo estava transcorrendo bem, e um carro foi alugado ainda no aeroporto para facilitar o itinerário da viagem.
O Ogro havia convencido a patroa de parar a cada castelo encontrado no caminho, e foi grande a nossa surpresa ao constatar que Portugal, tão diminuído no Brasil, é um país enorme em sua cultura, belezas naturais e... castelos.
E assim começamos a desviar rotas, fazendo um caminho que seguisse os castelos. Num dado momento, paramos ( fora da rota inicial, é claro ), numa cidade ................., onde os templários haviam se instalado após serem expulsos da França.
Lá, super bem acomodados no Hotel dos Templários, saímos para conhecer a pequena cidade e suas belezas. Num pequeno restaurante familiar próximo ao hotel e com mais fome que vontade de comer bem, paramos para saciar nossa fome.
No restaurante, vimos um cartaz indicando a data de início e término do festival da Lampreia, e perguntamos o que seria. Tinha no cardápio, mas o dono, um português bem típico, disse que o prato demorava a fazer e que o horário não seria compatível. Poderíamos escolher outra coisa ou ir embora. Tanto fazia para ele. A fome foi maior que a indignação e nos contentamos com um excelente bacalhau mesmo. Acho que provamos todas as variações possíveis nesta viagem, mas não cansou, só deu mais vontade.
Ao chegar ao hotel, ainda fomos ao scoth bar para uma saideira, que se transformou em várias. O barmen, muito educado, nos deu dicar diversas sobre quase tudo e, perguntado sobre a Lampreia, disse que o melhor lugar para se comer uma boa Lampreia na estação era o restaurante Rei da Lampreia e indicou o caminho, que ficava muito fora da nossa rota.
No último momento, lamentando nossa desistência da Lampreia, o barmen disse a palavra mágica. Castelo.
O restaurante Rei da Lampreia ficava ao lado de um dos lagos mais bonitos do país, onde se localizava o Castelo do Bode. Uau. Fim de conversa e pegamos todas as indicações.
No dia seguinte, acordamos e tomamos um delicioso café da manhã antes de programar nosso GPS para seguir direto para o Castelo do Bode. Depois de quase 70 Km vimos o restaurante á esquerda da estrada e passamos por cima de uma barragem. O GPS ficou maluco e indicava o castelo. Demos meia volta, procuramos e não conseguimos encontrar. Aí começou.
Não satisfeito com a situação, o Ogro também nunca pode parar para perguntar nada. Tem que descobrir sozinho. Subimos e descemos a estrada, andando vários quilômetros para cada lado sem avistar o castelo. Num dado momento, vimos uma pequena estradinha de terra ao lado do vertedouro da barragem, que não era tão grande assim e fomos serpenteando ao lado do rio até chegar no fima da estrada.
O cenário tão bucólico quanto melancólico, podia tanto ser de filme de amor quanto de terror. Um lago com águas bem rasas, árvores com folhas secas ou amarelas de um lado e de outro e. apesar do sol minguado, uma névoa por sobre a água. Pouco se ouvia. Ainda descemos do carro e demos uma volta, meio que desavisados dos perigos, mas voltamos logo.
Subindo a estrada, no meio do caminho de volta, paramos ao lado de uma caminhonete de uma família e o Ogro de dignou a preguntar:
- Por favor, onde fica o Castelo do Bode?
- Ora, pois, o Castelo do Bode é aqui mesmo.
- Como? Onde? Para lá?
- Não, nós estamos no Castelo do Bode. Aquele ali é o Castelo d´água do Bode.
Aí a ficha caiu. Agradecemos e nem comemos a Lampreia. Se não tivéssemos que voltar quase 70 Km, este Ogro voltaria com prazer ao hotel dos Templários para MATAR o barmen.
No fim, tudo deu certo. Comemos a Lampreia,....mas aí é outra história.
O Ogro.
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